“Amo a história. Se não amasse não seria Historiador. Fazer a vida em duas. Consagrar uma à profissão, cumprida sem amor; dedicar a outra à satisfação das necessidades profundas. Algo de abominável, quando a profissão que se escolhe é uma profissão de inteligência. Amo a história, e é por isso que estou feliz, hoje, por vos falar daquilo que amo…”
Lucien Febvre 1878-1956
Eis O chavão, o qual vários historiadores gostam de professar, e sentem paixão em proclamar, quando em momentos de êxtase, ajoelhados na terra, embebidos de tinta, trigo, café, entre outras substâncias, que ao se misturarem ao calor de quase 40 graus da região amazônica produzem o odor característico do calouro, e amarrados uns aos outros, pedir dinheiro na entrada da universidade. Mas nada disso importa quando se toma consciência do ofício do historiador.
Não se assustem quando se derem conta de onde se meteram, esse curso realmente não é para qualquer um. E o qualquer um que ainda não se deu conta, vai apenas se contentar com o diploma de graduação. Também não se assuste quando você se deparar encantado com discursos eloqüentes, bem articulados e possivelmente sem pretensão; De onde você menos espera a pessoa a quem você admira pode ter subjetivas intenções. Também de onde menos se espera, pessoas sem expressividade alguma podem se mostrar geniais.
O curso de História tem dessas coisas, aliás como qualquer curso. Mas como bom candidato a historiador digo que aqui é diferente. Nossos olhos e óculos tem uma capacidade maior de ver o passado e o presente, não só sobre fatos, mas sobre pessoas. Podemos sim pensar sobre nossa condição e também a dos outros, apesar de não sermos psicólogos.
Quero dizer que como historiador em formação sinto amor em dizer que, com o ínfimo tempo em que conheci Clio, já não passo um dia sem que minha mente sinta o peso de sua pena escrevendo em meus pensamentos. Também não passo um dia sequer sem admirar os profissionais que nos rodeiam, verdadeiros mestres e doutores, mesmo os que ainda não o são. Também não passo um dia sem desejar mais união e compromisso de todos nós, e que realmente alguns desçam de seus pedestais de vaidade, arrogância e orgulho.
É triste ver que nosso espaço mal conservado, com janelas quebradas, condicionadores de ar defeituosos, portas desfazendo-se. Em cada canto dessa universidade, a História se faz presente; Em cada bloco de concreto, em cada livro empoeirado, em cada traça que come nossos livros da biblioteca.
Mas é muito bom ver nossos colegas recém formados engendrando-se pela política e pelos movimentos sociais, pois querendo você ou não, estamos em um curso politizado. Se você virar as costas à política ela também virará as costas a você. E você será mais um “qualquer um” com um diploma na mão.
É com esse sentimento de serenidade, e ao mesmo tempo, inquietância, que quero oferecer a quem interessar, discutir que História estamos fazendo.
Apenas comece a pensar…